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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

671. O Peso do passado

— As árvores que caíram na Primavera ainda se ouvem no Outono - disse, quando voltou a abrir os olhos. — Ninguém sabe abandonar o seu passado, como fazem as cobras com a pele. Nós somos antigos, não deixamos nunca de cair, porque à medida que o nosso passado se torna maior, mais pesados nos tornamos, cada vez mais incapazes de voar. Quando um homem cai, ouve-se para sempre. É por isso que precisamos de morrer, para nos livrarmos desse passado todo, para podermos ser livres como as nuvens.

Afonso Cruz, A Morte não Ouve o Piaista

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