Eça de Queirós por João Vaz de Carvalho |
Seria mesmo talvez melhor a profissão de poeta lírico, se não fosse uma profissão perigosa. Ainda há pouco, um pediu em casamento não sei que doce açucena, moradora na Baixa; o pai dela interrompeu a história dos idílios sacrossantos e municipais para perguntar ao namorado gentil qual era a sua profissão. «Sou poeta lírico», respondeu ele, «e vivo do meu estado.» — O velho ergueu-se de golpe, tomou uma bengala e espancou o poeta lírico, laureado em três cançonetas exóticas.
Eça de Queirós , «O Milhafre», in Contos, Lisboa, Bertrand Editora, s.d., p.31
Eça de Queirós , «O Milhafre», in Contos, Lisboa, Bertrand Editora, s.d., p.31
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