por Pepetela
O nome é pesado e nem sempre corresponde à realidade. Os documentos tratando dele devem ocupar uma cidade inteira e no seu todo há ambiguidades. Alguém sabe mesmo o que amor é?
Pobre é o amor
Que pode ser contado.
(William Shakespeare)
Estou a arriscar muito, portanto, tentando contar a minha estória de amor. Passamos a vida a tentar descobrir, alguns vivem mesmo só para o encontrar. Já sem falar nos escritores, que fizeram dele o tema inesgotável para poemas e romances. Uns tantos apenas no fim da vida percebem nunca com ele terem cruzado, para além dos inevitáveis equívocos. Outros, pelo contrário, descrentes de tudo desde a mais tenra idade, se surpreendem no leito de morte a sonhar com uma menina que afinal preencheu as suas vidas. Na maior parte dos casos, leva-se a verdade para a tumba. Se verdade houver.
Que há de verdade no amor?
A mesma verdade que existe na verdade. Se consome pelo uso. Ou se reforça pela ausência. Ou nem uma coisa nem outra. O mistério permanece e nos espanta sempre.
Para quê então falar no que não se pode perceber?
Pepetela, O Planalto e a Estepe, Alfragide, 2009, pp.53-54.
O nome é pesado e nem sempre corresponde à realidade. Os documentos tratando dele devem ocupar uma cidade inteira e no seu todo há ambiguidades. Alguém sabe mesmo o que amor é?
Pobre é o amor
Que pode ser contado.
(William Shakespeare)
Estou a arriscar muito, portanto, tentando contar a minha estória de amor. Passamos a vida a tentar descobrir, alguns vivem mesmo só para o encontrar. Já sem falar nos escritores, que fizeram dele o tema inesgotável para poemas e romances. Uns tantos apenas no fim da vida percebem nunca com ele terem cruzado, para além dos inevitáveis equívocos. Outros, pelo contrário, descrentes de tudo desde a mais tenra idade, se surpreendem no leito de morte a sonhar com uma menina que afinal preencheu as suas vidas. Na maior parte dos casos, leva-se a verdade para a tumba. Se verdade houver.
Que há de verdade no amor?
A mesma verdade que existe na verdade. Se consome pelo uso. Ou se reforça pela ausência. Ou nem uma coisa nem outra. O mistério permanece e nos espanta sempre.
Para quê então falar no que não se pode perceber?
Pepetela, O Planalto e a Estepe, Alfragide, 2009, pp.53-54.
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