Quem sabe o que na página se esconde
 e se dentro do branco está um muro
 e se depois do muro não há onde
 e se depois do branco é tudo escuro?
 
 Quem sabe o que pode acontecer 
 quando ao verso já escrito outro se junta
 e tudo está no verso por escrever
 e o que se escreve é só uma pergunta?
 
 Quem sabe o que se vê e não se vê
 se por dentro do branco apenas cabe
 esse nome que nunca ninguém lê
 e o verso que se sabe e não se sabe?
 
 Manuel Alegre, Nada está escrito, Lisboa: Ed. Dom Quixote, 2012
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