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domingo, 1 de janeiro de 2012

252. A tua mão

poema de Nuno Júdice


Tiro a mão que me esconde o triângulo,
e ela resiste à mão que a desvia: mas
procuro acertar no seu ângulo, e entre
-ver a fresta por onde o amor corria.

Beijo essa mão e ela abre o caminho
para onde me encontro e me perco.
bebendo desse cálice o puro vinho
que me libera sem sair do cerco.

Amo a tua mão que me guia e prende,
a doce mão de tão finos dedos
a que o meu desejo se rende;

e ao procurá-la, sabendo o que me faz,
deixo que me ensine os seus segredos,
e guardo-a na minha, quando ma dás.

Nuno Júdice O Estado dos Campos (Dom Quixote, 2003)

*

Pintura: Amantes, de Géssica Hellmann

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