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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

96. Espelho, amigo verdadeiro,

por Manuel Bandeira

Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realiismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,

Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em por seus chinelinhos atrás da porta.

(1939)

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