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segunda-feira, 30 de abril de 2012
524. Morte
«(…) as pessoas que nós amamos nunca desaparecem, pois continuam sempre a viver dentro de nós.»
Teresa Lobato de Faria, História do Sempre e do Nunca, Lisboa, Oficina do Livro, 2012.
domingo, 29 de abril de 2012
523. Dias são dias, e noites
sábado, 28 de abril de 2012
522. Mães unidas para dar cabo do juízo dos filhos.
Uma mãe tem que ser chata. Até à hora da morte. E até depois disso: mesmo quando já se tiver mudado de armas e bagagens para o Paraíso. Uma progenitora digna desse nome continua a dar ordens e a mandar vestir um casaquinho nos dias em que ameaça chover. Uma mãe de jeito tem que pregar insuportáveis sermões, deve vender os seus valores e convicções sem medo de estar a ser politicamente incorrecta, confirmar se as unhas estão cortadas, apagar a televisão a meio de um episódio emocionante, desligando sem remorsos o computador se alguma das suas criaturas se recusa a ir para a cama. por se julgar na obrigação de pôr a conversa em dia com todasasamigas e inimigas. Uma mãe pode e deve mandar colocar a loiça na máquina, arrumar o quarto, e não se deve comover nem um bocadinho quando ele/ela lhe diz que «todos os outros pais deixam!». Tem também de aceitar que lhe chamem forreta - afinal o que é que lhe custava sacar vinte euros ao multibanco para a entrada numa discoteca -e que mão percebe nada de nada». As mães são velhas, ponto final. E de alguém que sobreviveu à Idade da Pedra não se podem esperar conselhos úteis ao século XXI. As mães, além de chatas, forretas, velhas e gagás, também estão sempre em falta: ou não marcaram uma consulta, ou foram (ou não foram) a uma reunião da escola, ou falaram alto de mais na rua,ou baixo de mais no supermercado. É que se as mães não forem chatas, nunca poderão tirar a prova dos nove. E a prova dos nove é ter filhos que refilam, protestam e se recusam a submeter-se à sua autoridade, ou seja, filhos dignos desse nome. Por isso, mães de todo o mundo, neste dia que é nosso, unam-se para lhes darem cabo do juízo. É uma obrigação patriótica, se não queremos um planeta invadido por atadinhos, mal-educados, que cospem na sopa e não ajudam as velhinhas a atravessar a rua.
Isabel Stillwell, Notícias magazine
sexta-feira, 27 de abril de 2012
521 (Re)leituras
quinta-feira, 26 de abril de 2012
520. AS Palavras
As palavras não conservam um brilho e um crédito eternos. Muitas, que hoje desapareceram, irão renascer, muitas, agora cheias de prestígio, cairão, se assim o quiser o uso, esse senhor absoluto, legítimo, constante, da língua.
Horácio, A Arte Poética
quarta-feira, 25 de abril de 2012
516. Revolução
Os revolucionários existirão sempre, porque a esperança do homem é infinita ou o seu sonho infinito.
Vergílio Ferreira, Conta corrente I
Vergílio Ferreira, Conta corrente I
terça-feira, 24 de abril de 2012
514. A Inutilidade de Guerras e Revoluções
As guerras e as revoluções - há sempre uma ou outra em curso - chegam, na leitura dos seus efeitos, a causar não horror mas tédio. Não é a crueldade de todos aqueles mortos e feridos, o sacrifício de todos os que morrem batendo-se, ou são mortos sem que se batam, que pesa duramente na alma: é a estupidez que sacrifica vidas e haveres a qualquer coisa inevitavelmente inútil.
Todos os ideais e todas as ambições são um desvairo de comadres homens. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança. Não há ideal que mereça o sacrifício de um comboio de lata. Que império é útil ou que ideal profícuo?
Tudo é humanidade, e a humanidade é sempre a mesma - variável mas inaperfeiçoável, oscilante mas improgressiva. Perante o curso inimplorável das coisas, a vida que tivemos sem saber como e perderemos sem saber quando, o jogo de mil xadrezes que é a vida em comum e luta, o tédio de contemplar sem utilidade o que se não realiza nunca - que pode fazer o sábio senão pedir o repouso, o não ter que pensar em viver, pois basta ter que viver, um pouco de lugar ao sol e ao ar e ao menos o sonho de que há paz do lado de lá dos montes.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
segunda-feira, 23 de abril de 2012
513, Dia Mundial do Livro
O Dia Mundial do Livro, que se comemora desde 1996, por decisão da
UNESCO, é o dia 23 de abril. É uma data simbólica para a literatura, à
qual estão ligados nomes como os de Shakespeare e Cervantes, cujos
nascimento e morte, respetivamente em 1564 e em 1616, ocorreram nesse dia.
A data foi também escolhida para honrar uma velha tradição da Catalunha, onde, neste dia, os apaixonados oferecem às suas amadas uma rosa vermelha e recebem em troca UM LIVRO.
Não se sabe quando começou essa tradição, mas desde o século XV que há referências à celebração da Feira das Rosas, no dia de São Jorge. Assim, nesta região, a 23 de abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a todos os que comprem um livro.
Partilhar livros e flores é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e de paixão.
A data foi também escolhida para honrar uma velha tradição da Catalunha, onde, neste dia, os apaixonados oferecem às suas amadas uma rosa vermelha e recebem em troca UM LIVRO.
Não se sabe quando começou essa tradição, mas desde o século XV que há referências à celebração da Feira das Rosas, no dia de São Jorge. Assim, nesta região, a 23 de abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a todos os que comprem um livro.
Partilhar livros e flores é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e de paixão.
domingo, 22 de abril de 2012
512. Originalidade e Diferença
Todo o escritor que é original é diferente. Mas nem todo o que é diferente é original. A originalidade vem de dentro para fora. A diferença é ao contrário. A diferença vê-se, a originalidade sente-se. Assim, uma é fácil e a outra é difícil.
Vergílio Ferreira
511, Dia da Terra
Sendo certo que o planeta em que vivemos já passou por seis
ou sete eras glaciais, não estaremos nós no limiar de outra dessas eras? Não
será que a coincidência entre tal possibilidade e as contínuas acções operadas
pelo ser humano contra o meio ambiente se parece muito àqueles casos, tão
comuns, em que uma doença esconde outra doença? Pensem nisto, por favor. Na
próxima era glacial, ou nesta que já está principiando, o gelo cobrirá Paris.
Tranquilizemo-nos, não será para amanhã. Mas temos, pelo menos, um dever para
hoje: não ajudemos a era glacial que aí vem.
José Saramago, O Caderno, Lisboa, Editorial Caminho, 2009, p. 52
Ilustração de Carmen Saldaña |
Ilustração de Carole Hénaff |
Ilustração de Katell Daniel |
Ilustração de Luc Vernimmen |
Ilustração de Marta Antelo Alemany |
Ilustração de Zahra At'hamkhani |
Ilustração de Francesca Cosanti |
Ilustração de Gianni de Conno |
Ilustração de Graham Franciose |
Ilustração de Alberto Ruggieri |
510, Escrever
sábado, 21 de abril de 2012
sexta-feira, 20 de abril de 2012
508. Fazer amor com a poesia
Deito-me com as palavras
beijo a boca dos poemas
quando a razão desvaria
Manipulo a linguagem
tomo a nudez dos meus versos
faço amor com a poesia
Marua Teresa Horta
(escrito pela autora no passado dia 21 de Março, Dia da Poesia)
Através de Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen
beijo a boca dos poemas
quando a razão desvaria
Manipulo a linguagem
tomo a nudez dos meus versos
faço amor com a poesia
Marua Teresa Horta
(escrito pela autora no passado dia 21 de Março, Dia da Poesia)
Através de Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen
quinta-feira, 19 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
506. O Psl´scio da Ventura
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d'ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d'ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
terça-feira, 17 de abril de 2012
500. Certa palavra dorme na sombra
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.
Carlos Drummond de Andrade
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.
Carlos Drummond de Andrade
499. Leitoras
segunda-feira, 16 de abril de 2012
domingo, 15 de abril de 2012
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